Conteúdo originalmente publicado no jornal Hoje Em Dia
Se existe uma ferramenta antiga/primordial da sociedade e, que agora, nestes tempos de isolamento social, ficou ainda mais em evidência, ela atende pelo nome de diálogo.
Nunca ele foi tão crucial em todas as esferas e segmentos como hoje. Antes da pandemia chegar, tínhamos [sim] inúmeras oportunidades de ouvir o outro, conversar, se achegar ao próximo. Porém a rotina frenética que este mundo naturalmente nos impõe, parece nos cegar em relação a coisas básicas, elementares. Entre elas uma boa conversa, um ‘dedin de prosa’, como nós mineiros costumamos dizer.
Neste 2020 demasiadamente esquisito, conversar/dialogar parece ser, ou melhor, é questão de sobrevivência. É, talvez, o antídoto mais assertivo para suportarmos as agruras deste isolamento no qual fomos obrigados a mergulhar.
O isolamento, inclusive, foi o primeiro momento em que nos vimos extremamente dependentes da necessidade do diálogo. Ele nos obrigou a redescobrirmos nossos familiares e praticarmos a resiliência. Isso sem falar que tornou ainda mais aparentes algumas diferenças, o que é normal. Não podemos nos esquecer que a graça da vida é a pluralidade.
No trabalho home-office, [realidade atual de quase 80% das pequenas e médias empresas brasileiras], a comunicação tornou-se ainda mais essencial, afinal o fluxo do trabalho precisa ser desenvolvido com igual ou maior excelência, da mesma forma que se desenvolvia há cinco, seis meses, antes deste período caótico. Nesse sentido, nem é preciso dizer o quanto é desafiador criar um diálogo uníssono à equipe, capaz de nortear todos em um mesmo propósito.
O diálogo também tem sido fundamental nas relações de todos os setores produtivos da sociedade com as esferas de Poder Público. Prova disso são as inúmeras e extensas conversas da Câmara e Senado com o Executivo para garantir, por exemplo, os auxílios destinados a pessoas físicas e jurídicas nesta pandemia; e o diálogo da imprensa com a população, em um momento no qual a informação é crucial para salvar vidas.
Mesmo diante desses exemplos e da importância que o diálogo tem e continuará tendo para vivenciarmos este ‘novo normal’ da melhor forma possível e superarmos não só o coronavírus mas todos os desafios que estão por vir, é lamentável saber que ainda existem muitas pessoas, grupos e autarquias que ignoram esta oportunidade única de crescimento que a comunicação transparente oferece. Alguns setores optaram pelo caminho oposto: a comunicação hierárquica, que não permite a construção coletiva de ideias.
E você, qual caminho tem escolhido? Este que relatei no parágrafo anterior ou tem aproveitado o momento para aquecer a comunicação com seu entorno, seus pares, familiares, empregado/empregador? Deixo aqui a reflexão.
Ricardo Rodrigues – Presidente ABRASEL-MG e Coordenador da Frente da Gastronomia Mineira
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